#CONTO: A ZONA DA SOMBRA
Sinopse: Presa em um estado de pavor e angústia, Cassandra mergulha na zona da sombra e é forçada a encarar sua vida por um novo ponto de vista.
aviso: este conto contém descrição de violência e sangue.
Apesar de ser primavera, a terça-feira amanheceu nublada e cinzenta, com uma brisa que gelava as maçãs do rosto e as pontas dos dedos. O clima não melhorou ao longo do dia, de fato, parecia ter uma energia estranha pairando como se algo de ruim pudesse acontecer a qualquer momento. Ou talvez fossem apenas as superstições de Cassandra, que estava com uma sensação estranha no peito desde o momento que o despertador tocou.
Esforçando-se em ignorar a sensação ao longo do horário de trabalho, Cassandra tentou focar nas tarefas do dia em meio a uma quantidade extra de café. Mas não podia negar que se sentia inquieta, como se esperasse algo acontecer e que toda a sua vida fosse desmoronar. Assim os dias se passaram e logo se tornaram meses, a sensação intensificando de forma desenfreada, a inquietação sendo acompanhada de um coração martelando no peito e mãos suando frio.
Cassandra foi engolida pela rotina, presa num círculo vicioso até não aguentar mais tamanha exaustão. Burnout, o médico disse, uma das doenças do século e que precisa de um período para se recuperar. Porém, a cobrança permanecia ali, vigiando cada passo e apontando para o relógio, zombando que o tempo estava passando e Cassandra ficando para trás. Nada parecia ser capaz de mantê-la longe das próprias cobranças.
Todas as vezes que tentava se distrair, Cassandra sentia a angústia tomar controle, como se cada célula do corpo tremesse em puro pavor de ficar para sempre presa na inércia, incapaz de retomar com a sua vida. Não conseguia ignorar as vozes em sua cabeça que repetiam incessantemente que seu futuro se tornou uma incógnita, o destino tomado pela escuridão.
Sem poder sair de casa com a chegada da pandemia, Cassandra desenvolveu um novo medo, se isolando ainda mais e evitando contato até pela internet. Cada vez que tentava interagir com as pessoas que tanto amava, a respiração começava a alterar e mergulhava em um estado de pânico.
As ligações e chamadas de vídeo foram as primeiras coisas que Cassandra passou a evitar, então as postagens ficaram escassas, aparecendo para responder na mesma velocidade que sumia, deixando mensagens apenas no 'recebidas' já que tirou a opção de mostrar o visualizado.
Mas no momento que dava o horário da consulta com o terapeuta ou quando o celular notificava a sexta ligação de uma de suas melhores amigas, mesmo imersa em tamanha angústia, Cassandra respirava fundo e sorria. A maquiagem para disfarçar as olheiras, o discurso sobre estar bem ensaiado regularmente para soar o mais natural possível, e torcer para que ninguém percebesse a mentira.
As indicações de livros de autoajuda que Marisol insistia em dar no final de cada ligação, os convites para assistir vídeo aulas de ioga com Aruna, Pedro insistindo em fazer maratonas de filmes durante as chamadas de vídeo. Será que ela interpretou tão bem que nenhum dos amigos notava que Cassandra não era mais ela mesma? Ou os amigos não se importavam e fingiam acreditar na farsa? A incerteza a corroía.
Presa, oscilando entre a dormência e o caos, com dias que não conseguia nem mesmo olhar o próprio reflexo no espelho. Era difícil não sucumbir à autossabotagem, Cassandra perdeu as contas de quantas vezes quase cedeu à pressão da própria mente. Como admitir que não era capaz de lidar com os próprios pensamentos? Fraca, completamente fraca, as vozes em sua cabeça riam.
Nesses momentos Cassandra sentia tanta raiva, era como se o ódio a consumisse por completo e corresse por suas veias. Ela estava cansada, queria fazer as pessoas ao seu redor sentirem tudo de ruim que sentia. Os seus melhores amigos, sempre presentes e sorridentes, queria sufocá-los com sua dor, com seu ódio. Era injusto a forma que lutava a cada novo dia, se esforçava além do que aguentava. Cassandra odiava a facilidade que eles conseguiam lidar com tudo. Cassandra odiava como acabava se escondendo neles.
Odiava.
Odiava.
Odiava.
No fundo, não queria ficar sozinha, passava horas encarando a tela do celular e sendo bombardeada por informações, consumindo cada foto e stories de todos os conhecidos e desconhecidos nas redes sociais. De forma sorrateira, era esmagada pelo senso de solidão que ela mesma havia decretado. Cassandra era a prisioneira e a carcereira, todas as vezes que pensava em se mover sentia uma onda de pânico e uma irritação excessiva.
Desconexa. Quando conseguia controlar o emaranhado que estava a sua mente, era como se tivesse apertado o botão de tirar o som e as coisas ao redor se tornassem vultos. O corpo ali presente e trancafiado naquele apartamento, mas Cassandra estava ausente. Ao se dar conta, os dias ensolarados de céu azul transformaram-se em noites frias e chuvosas. O inverno chegou como um terrível presságio, o prazo estava acabando.
Cassandra estava se decompondo. Sumindo diante dos próprios olhos, sem saber o que era real. Será que ela ainda existia? Às vezes Cassandra sentia como se fosse uma mera ilusão, no entanto, quem seria capaz de perder tempo criando algo tão vergonhoso? Não conseguia fazer o básico, funcionar como uma peça da sociedade e conquistar o seu próprio espaço, criar um nome e se tornar alguém importante. Descartável. Era incapaz de atingir as metas que havia criado, era impossível de realizar o trabalho e ter uma vida sem ficar doente. Imperfeita. Uma vergonha.
E com esse novo sufocamento, Cassandra chorou pela primeira vez desde aquele dia nublado de primavera. As lágrimas tímidas que logo eram um dilúvio, sacudindo o corpo inteiro até perder as forças. Escorregando da cama para o chão, a voz lhe escapou e um grito vazio se embrenhou no peito. As mãos trêmulas e suadas tateando no piso gelado, procurando por apoio, um calor humano, esquecendo por um breve instante que estava sozinha.
Sozinha.
Sozinha.
Sozinha.
Nunca aprendeu a conviver com ela mesma, nunca precisou, na verdade, sempre mantendo ao menos uma pessoa ao seu lado. Cassandra estava constantemente cercada por pessoas, sem precisar se preocupar de escutar somente o som da própria voz. Talvez esse foi um de seus erros, concentrar-se tanto à sua volta, pois nunca suportou a própria companhia. Ou apenas mentia para si mesma, que o motivo não era por medo de ser insuficiente para alguém querê-la sem ela se esforçar para tal coisa.
Se agarrando nos últimos fios da amarra que detinha a farsa da realidade a qual vivia, as mentiras que nem eram tão bem contadas assim, Cassandra apenas fingia acreditar devotamente. Se não fosse essa versão da sociedade, no que ela deveria crer? Contudo, Cassandra agora se perguntava se havia tomado um veneno por tantos anos, na esperança de que a positividade fabricada iria resolver tudo.
O que os olhos não veem, o que ignoramos por conveniência, é uma benção. Até deixar de ser. A positividade que consome de dentro para fora, paralisa qualquer questionamento já que não há exatamente outra opção. Sem compreender que o sistema alimenta todos seus medos para manter todas as peças funcionando, sugando por inteiro sua energia e levando a fadiga para, enfim, descartar os vestígios da transgressão.
Pelo menos era com esse pensamento que Cassandra tentava se consolar, de provar para ela mesma que não tinha culpa. No entanto, poderia se considerar uma vítima quando não queria ser salva? Cassandra desejava somente recuperar qualquer resquício do que ela foi. Porém, a cada novo dia, sentia como se estivesse afundando num oceano violento, se afogando quanto mais se debatia para se manter na superfície.
O pânico tomou cada célula do seu corpo ao descobrir que, para encontrar quem ela era, não seria através da luz. Não era o que Cassandra enxergava nitidamente no reflexo do espelho que ajudaria a se encontrar, mas o que estava escondido dentro dela mesma. Nada seria confortável na zona da sombra, não teria a lua nem o sol para iluminar o caminho, não teria a companhia das pessoas que amava para se esconder. Sozinha. A escuridão era dela, somente dela.
No momento em que foi capaz de reprimir o torpor, Cassandra foi dominada por uma forte inquietação. Cada vez que se empenhava em manter-se no presente, mais a sua mente parecia flutuar em meio ao pavor de que algo ruim iria acontecer. Não conseguia afastar a impressão de que estava sendo observada, mesmo sabendo que era somente ela naquele apartamento. Cassandra começou a olhar para os lados e para trás, esperando que alguém pulasse das sombras e a atacasse. Sozinha. Desprotegida.
Provavelmente sair de casa no auge de uma crise de ansiedade não foi uma boa decisão, mas Cassandra sentia os alarmes em sua mente dando a ordem para fugir. Do quê? Cassandra não saberia explicar. Com passos apressados que a conduziram até um comércio, Cassandra tentou se distrair fazendo compras. As mãos trêmulas, o peito apertando e dificultando a respiração, depois de um tempo foi impossível ignorar o aumento do pavor de que tinha alguém de verdade a observando.
Cogitou correr, soltando discretamente o carrinho com os produtos que pegou, planejando uma rota de fuga segura. Mas antes que pudesse, Cassandra foi surpreendida por Pedro. O amigo a abraçou apertado, o sorriso enorme escondido pela máscara no rosto enquanto falava da saudade que estava. Cassandra torceu silenciosamente que Pedro achasse que as lágrimas prestes a cair dos olhos dela fossem de alegria, que não percebesse o corpo trêmulo e o coração acelerado quando se abraçaram. Tentou disfarçar ao máximo uma tranquilidade que não sentia há um ano, se despedindo rapidamente com a desculpa de que tinha um horário de uma sessão de terapia se aproximando.
De volta ao confinamento de seu apartamento, Cassandra guardou as compras no automático e limpou a pele até ficar vermelha de tanto esfregar durante o banho. Sentindo a brutalidade da humilhação de ter sido vista naquele estado, Cassandra se afundou na instabilidade do constrangimento. Sozinha. Fraca. Completamente exposta para o mundo todo ver o fiasco que ela era.
Com as janelas fechadas, encolhida na cama e usando um cobertor como esconderijo, Cassandra queria desaparecer. As lágrimas reprimidas começaram a cair sem autorização, o corpo tremendo tamanha intensidade de seu desespero. Levando as mãos para tapar a boca, tentando segurar os gritos que queriam escapar, Cassandra sentiu o coração bater rápido demais e apertar o peito pela falta de ar.
Como se estivesse boiando em um mar revolto, o nó no estômago subindo para a garganta, ou talvez fosse a ânsia de vômito. Cassandra continuou chorando sem ter forças para controlar o tornado de emoções, o pânico havia desligado seu lado racional e ela só queria sumir. Desorientada, só conseguiu parar quando atingiu a exaustão, adormecendo com o peso afundando-a como uma pedra.
Cassandra realmente tinha esperanças de que Pedro não tivesse percebido nada e, por um breve período, ela acreditou que não teria problemas. Mas depois de quase uma semana, Pedro apareceu em sua porta acompanhado de Aruna e Marisol. Nenhum dos três ousou mencionar o encontro no mercado ou o comportamento estranho de Cassandra, trazendo lanche e um DVD com a promessa de um filme de horror.
Durante metade do tempo que os amigos estavam ali, Cassandra permaneceu de cara fechada. Era evidente a irritação dela, acreditando que a qualquer momento iria sofrer algum tipo de intervenção e ser forçada a ouvir o desgosto das pessoas que ela amava. Para a surpresa dela, os três amigos agiram normalmente, como se não tivessem passado um ano tentando arduamente interagir com Cassandra. Com o lanche arrumado na mesa e os quatro espalhados na sala, os três amigos tentavam deixar claro que estariam sempre ao lado dela fazendo companhia, esperando o momento que Cassandra se sentisse confortável para conversar.
Esperando o filme começar, prestou atenção no Pedro comentando animado como tinha todo um plano para criar um clube de terror com filmes antigos e independentes para ser um novo hobby para fazerem juntos. Por um instante, Cassandra se permitiu finalmente relaxar. Respirando fundo e soltando o corpo, aproveitando o conforto do sofá e de estar ali com os amigos.
Mas a harmonia foi quebrada por um barulho agudo ensurdecedor, que assustou a todos. A tela da televisão ficou escura por um instante mas bruscamente surgir uma explosão de cores e gritos, muito gritos. Nenhum deles conseguia olhar para a televisão, as cores eram tão fortes e brilhantes que causavam náuseas. E de repente tudo escureceu, o silêncio tomando conta do ambiente de forma violenta, deixando o grupo congelado em suas posições sem entender o que havia acontecido.
Aruna foi a primeira a ter uma reação, levantando-se apressada até o interruptor para ligar a luz da sala. Nada. Com as mãos trêmulas, tentou a luz do corredor, nada também. Ao voltar a atenção para a sala, observou Pedro que parecia que iria desmaiar a qualquer instante se não fosse a mão de Cassandra segurando-o pelo braço. Marisol, que estava com o controle, tentou ligar e desligar a televisão, mas foi em vão. Aruna então se aproximou do aparelho, apertando os botões e até dando alguns tapinhas na lateral da televisão, ainda assim sem resultados além de uma breve estática antes de desligar de vez. Então Cassandra se sentiu afundando.
Afundando.
Afundando.
Afundando.
O colorido lentamente se tornou cinza até que, por fim, a escuridão envolveu-lhe por completo. Como se fosse um manto, ou provavelmente cordas, segurando firme e puxando para a imensidão do nada. Ao abrir os olhos em meio a um solavanco, desorientada, Cassandra notou que estava ainda sentada no sofá. Algo no íntimo dela parecia pesar, não conseguia espantar a sensação de que algo estava errado. As mãos ainda estavam trêmulas, mesmo ela fechando em punho e abrindo várias vezes. Cassandra engoliu em seco ao sentir a pressão no peito, olhando ao redor procurando pelos três amigos, porém, estava sozinha. Até que escutou um grito aterrorizante.
Pensando que pudesse ser Aruna e Pedro se aproveitando do que aconteceu para implicar com Marisol, foi conferir no quarto de onde parecia ter vindo o grito. Quando abriu a porta sentiu o corpo gelar e perder todas as forças. Marisol estava caída de bruços no chão, entre a cama e a porta, e tudo nela era vermelho: as roupas, o cabelo, as mãos, o rosto… O pescoço dilacerado. Cassandra sentiu uma ânsia de vômito bater, esquecendo de como respirar, foi dominada pelo medo e dor de ver a amiga naquele estado.
Um grito sufocado chamou sua atenção, vindo do canto extremo do quarto. Espremido contra a parede e um corpo, Pedro tentava lutar em vão contra o ser que o atacava, as próprias mãos sujas de sangue deixando marcas onde encostava, as pernas debatendo em choque. Cassandra e Pedro se encararam brevemente, o amigo parecia tentar dizer algo, mas ela ainda estava congelada no batente da porta, sendo testemunha do melhor amigo aceitando o fim terrível e por fim caindo oco no chão.
Quando o ser virou para encará-la, Cassandra sentiu as pernas perderem de vez a força. Os olhos da jovem encheram de lágrimas, um soluço escapando alto num misto de horror e confusão. Cassandra viu ela mesma sorrir vermelho.
Ao perceber que o ser com sua aparência se aproximava, Cassandra tentou fugir, erguendo-se nos joelhos fracos e puxando o corpo pelo batente da porta para ficar em pé. Correu pelo corredor em direção da sala na intenção de fugir daquele apartamento, contudo, Cassandra deixou um grito escapar ao ver o corpo de Aruna próximo do sofá. Era quase impossível reconhecê-la se não fosse pelo cabelo e roupas.
Cassandra abraçou a amiga sem se importar que estava se sujando de sangue. Queria gritar, mas só conseguiu chorar histericamente em meio aos soluços. Apenas implorava que aquilo tudo fosse um estúpido pesadelo. Mas a mão fria envolvendo sua garganta de repente, com as unhas cravando a pele de seu pescoço, confirmava estar completamente acordada.
— Pare de lutar contra sua própria sombra. — Em toda sua glória e sangue, aquela Cassandra estava grotesca. — Está na hora de você me aceitar de uma vez.
Aceitar. Um ato complexo, mas que, ao mesmo tempo, carrega a opção de ser fácil. E ao encarar aquele olhar delirante, Cassandra sentiu como se as paredes estivessem fechando nela, esmagando-a até perder o fôlego, para então expandir numa explosão de sensações. Cores, cheiros, sons. Presa em um turbilhão, fechou os olhos com força e destravou o corpo. Apesar da forte pressão de pavor, sentia cada extensão vibrar numa mistura de medo e euforia.
E na mesma velocidade que estava cercada de tudo, de repente sentiu o nada. O vazio lhe abraçando com carinho, como um breve alento preparando-a para o que estava por vir. A escuridão com pequenos feixes de luz e no meio estava o ser com seu rosto, seu reflexo invertido.
Com as mãos trêmulas, Cassandra se aproximou lentamente, o medo ainda influenciando e fazendo-a pensar que talvez fosse melhor voltar a fugir. Se esconder da situação que estava causando desconforto, alertando que era melhor evitar antes que pudesse dar errado. Antes que pudesse sucumbir ao pânico, a sombra se moveu e a puxou com força. Num estalo estava caindo.
Caindo.
Caindo.
Caindo.
Apesar de ser verão, aquela manhã de terça-feira amanheceu chuvosa, os pingos gelados contrastando com o calor que tomava conta. O clima não melhorou ao longo do dia, de fato, encarando o céu pela janela aberta parecia ter uma energia estranha pairando no ar. Com uma sensação estranha no peito desde o momento que o despertador tocou, Cassandra respirou fundo antes de deixar uma risada incrédula escapar.
E apesar dos sinais claros de pavor, ninguém parecia notar a diferença. Ou decerto, Cassandra sucumbiu de vez à perturbação e não sabia mais separar realidade do devaneio. Mas ela repetia que estava tudo bem, como um mantra, pois, do outro lado da sala, sentia que o reflexo invertido observava cada movimento seu.
Ela não estava mais sozinha.
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A história segue o ponto de vista de Cassandra, refletindo sentimentos e pensamentos. Ou seja, a credibilidade da narração não é confiável. O que é realidade e o que acontece somente na cabeça da personagem principal? A interpretação é livre!
Eu escrevi o conto com três temas em mente: o efeito do isolamento por conta do covid-19, o burnout de viver numa sociedade capitalista, e a depressão que ainda é tratada como um tabu (até mesmo quem possui a doença).
Espero que tenha gostado da leitura, até a próxima!
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