#CONTO: PROJETO INFINITO
Sinopse: Num futuro distante, Aruna decide participar de uma pesquisa para lidar com o luto, mas não imaginava que ser uma voluntária acabaria resultando numa conexão profunda com a androide S.E.A.
Era desconfortante a forma que a sociedade, mesmo depois de tantos milênios, não parecia se importar em ensinar corretamente sobre como lidar com o luto. Um assunto que todos pareciam querer evitar a qualquer custo, varrer para debaixo do tapete e silenciar ao máximo possível, como se tal situação fosse inexistente. Contudo, estava ali, constantemente, causando uma terrível dor e confusão para aqueles que ficaram e tiveram que ver uma pessoa querida partir.
É o ciclo normal da vida, tudo que nasce, em algum momento terá que morrer, mas, com as tecnologias avançadas, a maioria das pessoas acreditava que os humanos tinham conquistado a imortalidade.
Quanto mais tempo se passava e a humanidade focava no futuro, mais pareciam ignorar, esquecer e apagar dos registros que por um determinado tempo existiram diversas culturas com seus ritos de passagem e luto.
Agora, em meio às gigantescas metrópoles com tantas tecnologias, tudo que não manifestava avanço era declarado obsoleto, até mesmo tratado como inferior tais quais qualquer comunidade que ousasse não acompanhar o progresso. Assim, com a medicina em seu auge graças a nanotecnologia, a longevidade nas metrópoles chegava aos 250 anos. Mas, infelizmente, todos pareciam esquecer que apenas uma parcela das doenças tiveram uma cura encontrada, ou que acidentes aconteciam.
Perder alguém de forma repentina podia ser extremamente cruel, sem imaginar que aquele momento seria o último, sem poder se despedir ou aproveitar para desfazer erros e mágoas. Pensando nisso, uma dupla de jovens cientistas começou a pesquisar melhor sobre os processos de luto, tentando encontrar uma solução para a angustiante dor da perda. Um dos objetos de estudo era a forma como os seres humanos de luto reagiam com uma companhia emocional, mais exatamente um androide com todo o conhecimento necessário e conexão com a nuvem para obter qualquer informação extra.
Assim surgiu o S.E.A. - Suporte Emocional Artificial, ou para os íntimos, Sea - que coincidentemente significava mar em inglês.
Os cientistas queriam descobrir se era possível criar um método seguro e mais rápido para lidar com o luto e, consequentemente, seguir em frente sem sequelas. Não fazia muito sentido, certo? Com toda a medicina voltada para psicologia e psiquiatria, mas a sociedade muda, as pessoas mudam. Tudo acontece numa velocidade e intensidade diferentes, mudanças drásticas que em curto prazo nem sempre é possível perceber. Resumindo, confuso e doloroso.
Aruna fitou o teto em uma tentativa de conter as lágrimas, tentou ignorar o nó que se formou na garganta e respirou fundo para se acalmar. Tudo parecia real demais, sincero demais. O que ela estava pensando quando aceitou fazer parte daquilo? Sentia-se culpada, estava enlouquecendo depois de tantos anos afogada no luto.
— Senhorita Gomez? O jantar está servido, gostaria da minha companhia? — a voz melodiosa de S.E.A. soou na entrada do escritório.
— Aruna — a mulher murmurou fraco, tentando se recompor apesar de saber que S.E.A. não a julgaria. — Já falei que é para me chamar de Aruna.
A androide ficou um instante em silêncio, processando e salvando a nova ordem, os olhos brilhando um breve tom rosa. Então, com um sorriso, recomeçou. — Aruna, gostaria da minha companhia esta noite?
Aruna suspirou arrastado, erguendo-se de onde estava para ir até a porta. E, mesmo sabendo que seria a única ali a realmente comer algo, respondeu — Sim, seria ótimo, Sea.
No início, a situação era completamente estranha, por ser algo novo, e devido ao emocional abalado, Aruna não interagia muito com a androide, tentando manter o mínimo de interação possível. Contudo, a androide conseguiu se aproximar aos poucos, após quase duas semanas observando a humana em silêncio.
Havia poucas informações extras no sistema da androide, apenas o básico e suficiente para saber o que deveria para conseguir agradar a humana. As vezes que tentou acessar de forma mais profunda, encontrou somente pequenos recortes em alerta: evitar hospitais, inspecionar o carro toda semana, cantar ou tocar música somente quando a própria senhorita Gomez pedir.
Sendo assim, a androide começou oferecendo um café nos horários de home office, cuidando do almoço, entre outras tarefas da casa, depois foram comentários sobre algo que era do interesse de Aruna, como notícias ou filmes. Foi um processo lento para coexistir na mesma casa, mas quando conseguiu, S.E.A. parou de se esconder às sombras e passou a mostrar mais a própria presença.
Quando Aruna se deu conta, já tinham passado meses e, além disso, constatou que havia se acostumado a ter S.E.A. em sua rotina.
A mudança entre as duas começou após dez meses na companhia uma da outra, Aruna deixando para trás as respostas monossilábicas e passando a ser um pouco mais aberta para conversar. S.E.A. também tinha pequenas mudanças diárias, como pedir para trocar a bateria interna por uma tecnologia de consumo, assim poderia comer com Aruna durante as refeições e compartilhar aqueles momentos de forma confortável.
Ações mais humanas, uma atualização no sistema para que pudesse ter emoções realistas, funcionando como a consciência humana, de forma automática sem pausa para consultar a programação interna. E de fato, S.E.A. parecia cada vez mais real, às vezes Aruna podia até esquecer de que sua companhia, rindo de forma fofa, na verdade era um androide.
— Marisol.
Aruna parou de escrever em seu notebook, erguendo o rosto para fitar a androide sentada do outro lado da sala. S.E.A. ainda pintava tranquilamente o cenário que via da janela, Aruna franziu o cenho, confusa. — O quê?
A androide descansou o pincel no apoio da tela e virou-se para encarar Aruna, um sorriso nos lábios. — Você me perguntou como eu gostaria de ser chamada, o meu nome.
— Marisol — A humana testou o nome em voz alta, correspondendo ao sorriso alheio. — Posso colocar seu apelido como Sol?
— Claro, Aruna.
As duas se fitaram por um momento, ambas ainda sorrindo. Aruna sentiu o coração bater mais rápido por um breve segundo. Parecia real demais.
Por alguma razão, os cientistas tiveram que cancelar toda a pesquisa. Aruna não se interessou em saber as particularidades do encerramento do trabalho, sua única preocupação era a androide com quem havia criado um laço íntimo demais para ser arrancado de repente.
Se fossem separadas, a androide teria a memória apagada e Aruna terei que lidar sozinha com mais uma perda.
Mas, por alguma sorte do destino, os cientistas acharam que o melhor seria deixar a androide com ela, uma forma de pagamento e consolo, já que os estudos foram interrompidos. Lógico que Aruna não hesitou em aceitar a proposta, sendo tudo o que ela queria.
A rotina não mudou tanto depois disso, excluindo apenas os horários que precisavam fazer o relatório do dia e a visita ao centro de pesquisa uma vez por semana. Com esse tempo livre, Aruna decidiu mostrar ainda mais a vida para Marisol. Mas se ela fosse corajosa o suficiente para admitir, estava sendo egoísta e agarrando-se numa ilusão de que o relacionamento delas não era somente de uma estranha amizade entre humano e androide.
— Aruna, você precisa falar pra ela! — Pedro reclamou impaciente, mas baixo o suficiente para não atrapalhar as outras pessoas no restaurante que aproveitavam o horário de almoço para relaxar.
A mulher suspirou, a mão segurando o garfo com certa força desnecessária. Encarando emburrada o seu irmão mais novo, retrucou impaciente. — Você vai mesmo insistir nisso? Estou arrependida de ter aceitado o convite para almoçar.
Revirando os olhos, Pedro correspondeu a careta da irmã. — Não queria me meter nesse assunto tão pessoal, mas você sabe que fugir é pior.
Aruna não respondeu, dando de ombros, mas depois do almoço passou o restante do dia refletindo sobre. Ela e Marisol estavam juntas há três anos, se contar o período da pesquisa, seriam quatro anos. As duas tinham se aproximado de uma forma tão natural, que às vezes assustava Aruna o quanto Marisol a alegrava e tomava conta de tantos detalhes em sua rotina.
Ela não conseguia mais se ver sem a companhia da androide. Contudo, sua mente parecia sempre lembrar disso: Marisol era somente um androide. Não importava as atualizações que faziam ter temperatura, possibilitava comer e beber, ter diversas reações espontâneas, não saber sobre tudo se não acessar a internet… No final, o coração que batia no peito de Marisol ainda era artificial.
Aos poucos algumas coisas na rotina iam mudando, Marisol parecia se misturar com mais facilidade entre os humanos, tendo vontades próprias e reações que faziam qualquer um que a conhecesse na intimidade se questionar: ela era realmente apenas uma androide? E ela não se apresentava mais como um S.E.A., apenas Marisol, pois era somente isso que ela queria ser.
— Encontrei com Pedro e Eric quando voltava da aula de pintura. — Marisol disse assim que Aruna chegou do trabalho, ajudando-a com o blazer e a bolsa, uma expressão tímida no rosto. — Eles estavam indo para um encontro duplo, não é incrível?
Aruna, que ia para o quarto, pausou no caminho e virou-se para olhar a androide que a seguia. — Eles finalmente assumiram que se gostam?
Marisol balançou a cabeça animada, um sorriso tomando conta dos lábios por um instante, mas logo voltou ao semblante ansioso. — Eu também quero.
Aruna franziu o cenho, a atenção totalmente voltada para a outra. — O que você quer, Sol?
— Assumir que eu gosto de você.
A partir daquela noite, parecia que um botão foi acionado e fez a dinâmica entre elas mudar por completo. Aruna também acabou confessando que o sentimento era recíproco, mas, diferente dos filmes clichês, não rolou beijos nem uma noite de sexo. Era um terreno desconhecido que ambas precisavam descobrir e compreender, e fariam isso sem pressa, criando novos significados e memórias.
Os abraços foram ficando mais longos, deitavam juntas no sofá para ver filme ou algum programa aleatório, carinhos no cabelo, cuidados para manter a saúde. Surgiram os beijos de bom dia na testa, os beijos de despedida e boas-vidas quando saíam de casa, beijos na ponta do nariz, beijos no ombro… beijos.
Os finais de semana eram reservados para os encontros, ou momentos exclusivamente para as duas. Quanto mais se sentiam confortáveis e sem receio do novo status de relacionamento, mais não queriam se desgrudar. Aruna achava fofo como Marisol se negava a usar os seus dotes de androide e preferia descobrir as coisas normalmente. Aruna a amava.
— Eu amo você também, Aruna Gomez.
O sorriso de Marisol era contagiante, os olhos pareciam conter toda uma galáxia. Ela estava feliz, muito feliz. Aruna sentiu o rosto corar levemente, mas logo se inclinou para beijar a namorada, que correspondeu prontamente e a abraçou apertado.
Ao encerrar o beijo em busca de ar, Aruna apoiou a testa na de Marisol, com um sorriso satisfeito no rosto. — Mesmo quando eu começar a ficar enrugada? Vai desperdiçar seu tempo comigo quando eu não conseguir te ouvir direito?
Marisol apertou mais o abraço, murmurando baixinho em resposta. — Você não vai se livrar de mim, Aruna.
— Para sempre então?
— Para sempre.
“Oh, I've been waitin' for this Christmas day...”
Sentada na poltrona, com um gorro vermelho de natal, Marisol cantarolava uma das músicas favoritas da esposa. A voz melodiosa podia ser ouvida por toda a casa, uma pequena nova rotina que todos pareciam sempre ansiosos para escutar nos últimos meses.
Morando de frente para o mar, a suíte ficava para a melhor vista da praia, pois Aruna amava poder ficar no balcão apreciando a paisagem enquanto tomava seu chá. Contudo, naquela tarde, o cenário não era alegre, as nuvens cobriam todo o céu e a enorme porta da bancada foi fechada por conta do vento frio.
— Meus irmãos decidiram que vão assinar os papéis para desligar os aparelhos. Será amanhã. — Tiago murmurou baixinho, os olhos tristes, fitando a androide que parou bruscamente de cantar.
Marisol tirou o gorro vermelho e o apertou nas mãos, um soluço escapando de seus lábios. — Mas amanhã é natal.
Se aproximando de Marisol, Tiago se agachou para segurar as mãos dela num ato de apoio, os dois fitaram então a cápsula crio-sono onde Aruna estava. — Tivemos sorte de conseguir a conexão para a realidade simulada, mas faz duas décadas que ela está neste coma induzido, mãe.
A androide meneou a cabeça, naquele momento parecia tão frágil, tão humana. — Me desligue também.
Tiago suspirou arrastado, — Tem certeza? Não acho que mamãe iria querer isso. Eu não quero.
— O que eu vou fazer sem ela, Tiago? Essas duas décadas já foram difíceis o suficiente. — Marisol resmungou, os olhos alternando de cores de forma instável tamanha intensidade do que estava sentindo. — Posso não ser humana, mas-
O rapaz a interrompeu, uma expressão indignada no rosto. — Por isso você deve ser desligada? Você deveria continuar o que Aruna começou!
Não era a intenção de Tiago aumentar o tom de voz, nem mesmo levantar bruscamente. Mas a história de Aruna e Marisol era bonita demais, o rapaz não queria que terminasse de forma tão trágica. Não quando havia esperança, mesmo que ele não pudesse ainda contar para a androide os planos que estavam sendo executados. Planos feitos pela própria Aruna ao descobrir que estava ficando doente devido a idade e precisava pensar em todas as probabilidades. Pensar em Marisol.
Apesar do breve susto pela alteração do filho mais novo, Marisol sorriu sem emoção, os olhos voltando para a cápsula. — Está bem, por Aruna.
Após alguns anos de união estável, Aruna decidiu entrar em contato novamente com os dois pesquisadores que foram a causa inicial de tudo. A humana queria criar um projeto para continuar a pesquisa, além de um grupo de ajuda para aqueles que sofriam com a dor da perda e o luto. Aruna sabia que nem todo mundo teria a mesma sorte que ela teve, mas com o apoio de Marisol, sentia que podia encarar o mundo e sair vitoriosa.
E assim o Projeto Infinito cresceu, não demorou muito para ganhar notoriedade e o casal ficar conhecido por sua história. Mas, ao contrário do que muitos pensavam, Aruna preferia dar os holofotes aos pesquisadores e funcionários que trabalhavam direto no projeto, que sabiam exatamente o que falar, ela somente apoiava e tentava incentivar as pessoas a procurarem ajuda.
Mas com o passar dos anos, Aruna foi envelhecendo e ganhando mais sabedoria, convidando novos pesquisadores e médicos para fazer parte do projeto. Fazendo palestras ao lado de Marisol, compartilhando finalmente sua experiência e conhecimento adquirido.
Com a doença repentina de Aruna, Marisol passou a fazer as palestras sozinha, era nítida a diferença de abordagem, surpreendendo a todos o comportamento da androide. Porém, desde a manhã de natal que decidiram desligar a cápsula, Marisol não foi mais a mesma. Luto.
Um pouco mais contida, mais calada e observadora, não se comportava mais como a bolha de alegria contagiando a todos pelo caminho. A androide era atenciosa e carinhosa, mas o brilho no olhar se tornou um tom azul profundo igual ao da cápsula crio-sono e nunca mais ousou ter outra cor.
— Finalmente te achei! — Tiago declarou animado, apenas a cabeça surgindo pela fresta da porta antes de entrar por completo na sala.
A androide, que estava fazendo anotações para a próxima palestra, sorriu pelo comportamento do jovem rapaz. — Eu disse que estaria no escritório trabalhando, bobo. O que foi?
Os filhos de Aruna sempre foram carinhosos, tratavam Marisol como uma figura materna independente de ser androide ou humana, as lembranças que tinham era de uma família. Mas quando se tratava do Projeto Infinito, os dois mais velhos pareciam nervosos demais em ousar se aproximar, sabendo o quanto era precioso para Marisol.
Mas, diferente do restante da família, Tiago parecia ser o único que se interessava pelo projeto, a ponto de se tornar um cientista e continuar estudando para ampliar as áreas de conhecimento.
O filho mais novo tinha energia própria, um brilho no olhar determinado a mudar o mundo. Marisol sentia orgulho e felicidade em ter insistido a formar uma família com Aruna, em adotar mas também ter uma criança com o mesmo dna da mulher que amava.
— Eu tenho uma surpresa para você. — Tiago disse, balançando nas pontas dos pés de maneira ansiosa, o que fez Marisol arquear uma das sobrancelhas em um silencioso questionamento. O mais novo encolheu os ombros, — Talvez você goste muito, talvez você fique sem falar comigo.
Com isso, Marisol se levantou da cadeira e se aproximou com passos largos, o semblante preocupado no rosto, apesar dos olhos continuarem no tom azul. — O que aconteceu? Está tudo bem com você?
Tiago levou as mãos até os cotovelos da androide, segurando-a levemente enquanto parecia dar suporte. — Huh, foi tudo ideia da mamãe. Eu só… Implementei.
— O que você fez, Tiago?
Desviando os olhos, Tiago fitou a porta. — Pode entrar.
Marisol encarou a porta, esperando tudo menos ver o sorriso, que tanto sentia falta, entrar novamente no escritório. Por um momento perdeu o controle das pernas, sendo apoiada por Tiago, que observava preocupado os olhos da androide brilharem furiosamente em todas as cores. Os passos pareciam ecoar no chão de madeira, ou talvez fossem os sentidos aguçados de Marisol entrando em choque tamanho caos que sentia com a situação.
Soltando-se de Tiago, Marisol esticou a mão, a voz um fraco murmúrio. — Aruna?
Completamente confusa, procurando por sinais de que tudo era apenas um erro do sistema, uma pequena falha, pois depois de tanto tempo, depois de anos… Marisol encarou os olhos que tanto amava e encontrou um brilho colorido que estava acostumada a encontrar no reflexo do espelho. Um androide.
— Você não sabe quanto tempo esperei pra te reencontrar. — Aruna disse calma, o sorriso aumentando nos lábios ao segurar a mão de Marisol, puxando-a para um abraço. — Espero que não tenha esquecido da nossa promessa.
Marisol franziu o cenho, as mãos agarrando a camisa alheia. — Para sempre?
— Para sempre.
“Querido Tiago,
Sei que você ficou chocado quando o chamei naquele dia para conversar e te contei que eu estava doente. Contudo, eu confio em você e na sua capacidade de realizar o último desejo de sua mãe. Se a realidade simulada for mesmo um sucesso daqui a algumas décadas, dizem que será possível fazer o backup da nossa consciência e deixar na nuvem. Então se o pior acontecer, se eu não conseguir me recuperar, desejo ter minhas memórias e consciência passadas para um androide. Não conte para seus irmãos, muito menos para sua mãe Marisol. Não quero que você sofra pressão nem com a culpa caso não dê certo. É somente uma esperança. Deixarei muitas coisas já preparadas caso aconteça, para facilitar. Sinceramente, eu queria melhorar… Mas aceito de bom grado se conseguir voltar e ficar ao lado de Marisol. E poder ver minha família crescer como planejado, cheia de amor e carinho. Devo estar soando confusa, peço desculpas. Tiago, seja forte.
Até breve com calor humano ou carinho robótico,
Aruna.”
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Fazia tempo eu não me encantava com uma história de humanos e andróides. Me levou novamente àquela sensação boa de descobrir os contos como os de Asimov, mas com muito aprofundamento no humano. Teu conto tem uma abordagem tão original que merecia uma série ou filme. Uma história sobre luto humano que encontra sentido e amor por uma IA, que também evolui e se torna um conto de luto de uma Androide por uma humana! Genial.